Cultura é um processo contínuo, dinâmico e transformador. Com esse conceito foi possível sair das ruínas para uma processo histórico e criativo, pois mesmo sem concluir as obras de instalação, o Muncab já realizou dezenas de eventos culturais e educativos, como oficinas, exposições, inclusive a internacional “O Benin Está Vivo Ainda Lá”, “Mestre Didi, o Escultor do Sagrado”, “ A revolta de Búzios”, “Cavalo de Santo” e ainda homenagens especiais a Maria de São Pedro e grandes figuras da Cultura Afro Brasileira, na exposição comemorativa do Ano dos Afro Descendentes, idealizado pela ONU.
Como projeto complexo, o MUNCAB avançou não só nas obras de reforma, como também na constituição de um significativo acervo, com mais de 200 peças e documentos, que agora se ampliam com a doação de “7 Cabeças de Orixás”, do artista plástico Antonio Miranda.
Esse é o conceito de fazer cultural que revolucionou o pensamento e a arte brasileira. Com a idéia de vincular aos processos inventivos da cultura popular brasileira, cultura da carência, da invenção e da tradição de sua matriz africana e indígena. Cultura que tornou possível a força telúrica e social da nossa poesia e da música popular brasileira, da Semana de Arte Moderna, dos movimentos culturais negros, da Bossa Nova, do Cinema Novo, do Centro Popular de Cultura e do Tropicalismo.
Essas são as matrizes do Muncab, assim como criadores e pensadores como Milton Santos, Teodoro Sampaio, Grande Otelo, Carolina de Jesus, Batatinha e muitos outros. E aqui estamos nessa estrada da liberdade, reabrindo nossas portas, com fidelidade aos valores de uma cultura que se construiu e libertou, contra adversidades, inclusive da escravidão.
Estamos vivos. Criando, como resposta aos que apostaram na desconstrução, determinados a enfrentar os que ainda fazem da cultura afro brasileira ambiente de oportunismo fisiológico que desrespeita nossos ancestrais.
Quatro exposições belíssimas respondem a esses anos silenciosos e difíceis, demonstrando que a idéia e obra do MUNCAB conquistou mais adeptos e amigos que fortalecem, como pessoas, artistas, empresas e homens públicos a meta de tornar o MUSEU NACIONAL DA CULTURA AFRO BRASILEIRA um museu público e federal.
Temos o prazer de dar continuidade às obras e reabrir mais uma vez as nossas portas com as exposições: “Arte e História da Cultura Afro Brasileira”; “Sete Cabeças de Orixás”; “Pop Esporte Clube e suas Torcidas Organizadas”, “Barbosa, Um goleiro no Imaginário Popular”. Luta contínua e processual contra a ignorância e o preconceito, pela cultura, arte e educação.