“Òná Ìrín: Caminho de Ferro”, da artista baiana Nádia Taquary, entra em visitação no MUNCAB

Òná Ìrín: Caminho de Ferro”, exposição individual da artista baiana Nádia Taquary, entra em visitação a partir de 28 de novembro, no MUNCAB (Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira), em Salvador. A mostra apresenta a complexa conexão entre o feminino sagrado e os fluxos da dinâmica da vida. Para tanto a artista elege um trânsito ferroviário intenso como metáfora. Linhas de trem se multiplicam em infinitos destinos, perspectivas e encruzilhadas, celebrando a poética do movimento, da comunicação (Exu) e da tecnologia (Ogum).

Em Iorubá, Òná Ìrín significa “caminho de ferro”, remetendo à trajetória de povos africanos para as Américas e sua resiliência espiritual inquebrantável. A exposição utiliza trilhos em encruzilhadas para simbolizar essa jornada, enquanto esculturas, objetos e videoinstalações traduzem a poética da artista. Parte da programação do Novembro Salvador Capital Afro, o trabalho é uma realização do MUNCAB com a Secult (Secretaria de Cultura e Turismo) da Prefeitura de Salvador, concebida pelo MAR (Museu de Arte do Rio de Janeiro) e correalizada pela OEI (Organização dos Estados Ibero-Americanos para a Educação, Ciência e Cultura).

Ọ̀nà Irin – Caminho de Ferro – elege a espacialidade de um fluxo ferroviário intenso como metáfora dinâmica da vida. Linhas de trem se multiplicam em infinitos destinos, perspectivas e encruzilhadas, celebrando a poética do movimento, da comunicação (Exu) e da tecnologia (Ogum). É nesse espaço que Exu e Ogum habitam, vivem e se alimentam para que todos os caminhos se abram.

Inserida nesse movimento vital, a mostra homenageia as Ìyàmi Aje, figuras míticas que representam o poder feminino. Associadas a deidades como Iemanjá e Oxum, essas entidades são evocadas para discutir empoderamento da mulher nas sociedades pré-coloniais africanas e na diáspora.

Outro destaque da mostra, veiculado ao universo feminino negro, são as joalherias afro-brasileira (arbitrariamente conhecida como “joia de crioula”), como os balangandãs, adornos robustos que carregam o metal em sua composição, usados por mulheres negras no Brasil colonial, em especial na Bahia. Essas peças simbolizam poder, resistência, identidade e espiritualidade.

A arquitetura expositiva, assinada por Gisele de Paula, utiliza os trilhos da instalação da artista para evocar o movimento e a tecnologia. Linhas férreas repetidas sugerem uma jornada infinita de lutas e resiliência negras. Esculturas de mulheres aladas e sereias, como a representação de Iemanjá, reforçam a conexão dos poderes femininos com os ancestrais.

Demanda

Com um público crescente desde sua reinauguração em 2023, o MUNCAB recebeu mais de 200 mil visitantes, consolidando-se como um dos museus mais visitados do Brasil. “Essa demanda por representatividade nos espaços museais evidencia a valorização do mercado por produtos e narrativas que ecoem identidades negras, respondendo a uma economia que, cada vez mais, busca autenticidade”, reflete Cintia Maria, diretora-geral do MUNCAB.

Segundo Pedro Tourinho, Secretário de Cultura e Turismo, a exposição fortalece o setor turístico e beneficia empreendedores negros, integrando cultura e economia. “’Òná Ìrín’ celebra o axé e a reverência que Salvador dedica aos seus artistas, evidenciando a riqueza cultural que oferecemos ao nosso povo e aos nossos turistas”, comemora.

Sobre a artista

A artista plástica baiana Nádia Taquary é aclamada por sua linguagem estética que celebra a ancestralidade afro-brasileira e a cultura de resistência do povo negro. Com uma técnica singular que mescla escultura e simbolismo, suas obras utilizam materiais como madeira, cordas e metais, remetendo a ornamentos e tradições do candomblé. Taquary cria trançados, colares e formas que evocam elementos de poder e proteção, inspirados nos adornos e símbolos das religiões de matriz africana. Cada peça, cuidadosamente moldada, assume uma dimensão ritualística e narrativa, reafirmando a arte como espaço de memória e identidade afro-brasileira. Seu trabalho já foi apresentado no MUNCAB (Museu Nacional da Cultura Afro-brasileira, 2023), MAR (Museu de Arte do Rio, 2014), na SP-Arte (2016), na Arte Rio (2015), na III Bienal da Bahia (2014) e na Galerie Agnès Monplaisir (Paris, 2016). É parte de diversas coleções particulares no Brasil e no exterior.

Sobre o MUNCAB

O MUNCAB (Museu Nacional da Cultura Afro-brasileira) é um importante centro de preservação, produção e difusão da cultura afro-brasileira, diaspórica e africana nas Américas, sediado na cidade de Salvador, posicionada como a capital afro do mundo. O equipamento tem um papel fundamental no diálogo e intercâmbio das artes contemporâneas entre os países africanos e o Brasil. É gerido pela AMAFRO (Sociedade Amigos da Cultura Afro-Brasileira), uma instituição de direito privado sem fins lucrativos, reconhecida como Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), fundada em 15 de março de 2002.

SERVIÇO:

EXPOSIÇÃO “ÒNÁ ÌRÍN: CAMINHO DE FERRO”

Local: MUNCAB (Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira) – Rua das Vassouras, 25, Centro Histórico de Salvador, Bahia

Estreia: 28 de novembro de 2024, às 13h

Encerramento: 23 de março de 2025

Visitas: Terça a domingo, das 10h às 17h (acesso até às 16h30)

Ingressos: R$ 20,00 (inteira) e R$ 10,00 (meia)

Pagamento: Cartões de débito e crédito, PIX e boleto bancário

Gratuidade: Quartas-feiras e domingos

Mais informações: (71) 3017-6722 e museuafrobrasileiro.com.br

Classificação indicativa: Livre

X